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Sunday, August 14, 2005

Diferenciação e idéias bizarras

Essa semana tava zapeando pela TV à cabo e acabei assistindo à um episódio de CSI. O seriado é bacana, tem todo um clima de jocosidade mórbida que é interessante...
O episódio que assisti tratava de um assassinato dentro de um boeing de alguma empresa aérea, misturado à fatos não triviais de alguns passageiros, uma situação no mínimo bizarra. O que interessou, na verdade, foram os interrogatórios: passaram o pente fino nos passageiros e na flight crew. Uma das aeromoças, além de contar sobre o ocorrido, também comentou sobre as coisas pouco ortodoxas praticadas pelos passageiros em pleno vôo; obviamente, sou obrigado a comentar aqui as frases célebres que, muito naturalmente, chamaram minha atenção:

"Depois de anos como aeromoça, já vi muitas coisas incomuns nos vôos. Furões nas malas, passageiros fazendo frituras nas bandejas, felação na primeira classe..."

(embalada pela história - paralela ao assassinato - do casal mandando ver no banheiro da aeronave, ela ainda reforça o comentário. Os "crânios" do seriado lascam então uma dose de seriedade científica ao fato)

"High altitudes intensify the sexual experience, enhancing euphoria."

Na sequência, um diálogo entre dois personagens revela que um deles (uma mulher) já experimentou esse tipo de aventura, se trancou no banheiro da aeronave com a cara-metade e foi às vias de fato.

Porra, qual o verdadeiro propósito desse episódio?! O leitor poderia citar inúmeras razões, desde fato similar que gerou inspiração no autor da série até o (des)incentivo da utilização do transporte aéreo, mas a verdade é essa: dar idéias!
Veja bem, num certo ponto do episódio eu já estava cagando e andando pro raciocínio lógico de como os fatos sucederam até o assasinato, ou quem realmente tinha matado o sujeito, o que interessava era a putaria! Já estou até planejando alguma viagem qualquer, só pra poder colocar esses esquemas em prática. Imagina só, encarar a capoeira do pastinha nos bancos apertados da classe econômica, ou então se equilibrar no ápice da chave inglesa iugoslava dentro do banheiro, em pleno procedimento de pouso! Mais insano do que muito esporte radical por aí. A parte fácil é arranjar um destino e a grana das passagens, difícil mesmo é convencer a patroa a entrar nessa boiada! ;)


Nesse mesmo dia, vi um anúncio da Sagatiba, uma nova - e diferenciada - cachaça. O "diferenciada" fica por conta do anúncio, que era muito bem produzido, explorava ambientes requintados e gente bonita (isso não é novidade em se tratando de anúncios de bebidas). Deu vontade de tomar, mas tudo agora é diferenciado?
Isso é uma espécie de tendência atual, tudo que é lançado é "diferenciado". Diferenciado como? Diferenciado porque é novo? Cachaça, que eu saiba, já é tradicional e, pra piorar, tradicionalmente brasileiro. Foi até patenteado. Novo, no máximo, o rótulo.
Diferenciado, então, porque é cara e atinge um público... igualmente diferenciado. Discordo, porque bebida cara também não é novidade. Essa mesmo onde de valorizar o produto nacional vem trazendo a idéia de que cachaça não precisa ser necessariamente barata e popular. Diferenciado, então, porque uniu tudo isso e ainda investiu em design (tinha que cair nisso, até porque virou uma jogada de marketing ter "design"). Conta outra, o dia que eu ver algo melhor pensado do que uma garrafa de Absolut (em termos de design e conteúdo) acho que o mundo acaba.
De qualquer forma, tenho que reconhecer que a estratégia deles deu certo. Fiquei na pilha de tomar a Sagatiba, assim como fico na pilha de tomar Absolut quando vejo os impressos deles... acho que tá aí a maior diferenciação, nunca fiquei com tesão de tomar 51 vendo aqueles anúncios. Muito menos Oncinha, com aquele fantástico slogan: "Porque sem Oncinha não dá!"
Ok, vocês venceram, é diferenciado e eu vou ficar quieto [resmungos no melhor estilo Zé, da família buscapé].

.: Ouvindo: Extreme - Rest In Peace :.

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